Estar só não é estar menor, é estar completo

Estive pensando sobre isso ha algum tempo e, de repente, começou a aparecer vários textos falando sobre isso na minha Timeline. Achei estranho demais, primeiro apareceu um do blog Entenda os homens, eu li e fiquei: “pooooorra, tudo aquilo que eu tava pensando em escrever no meu blog! Massa!” dias depois, outro na página da Conti outra e mais outro e depois mais outro. Eita! Aí eu decidi logo escrever porque eu queria registrar mais esse momento da minha vida no meu bloguinho, só pra eu ler daqui ha alguns anos e poder ver o quanto que eu amadureci! Ou não! :P





          Houve um tempo em minha vida em que eu tinha muito medo da solidão. Não conseguia ficar sozinha e essa ideia da solidão me assustava por demais. Eu queria sempre ter alguém pra poder suspirar. Se não fosse um corpo quente pra abraçar, que fosse pelo menos alguém pra pensar, alguém que eu soubesse que nutria algum interesse além da amizade, pra poder alimentar meu ego e dizer pra mim mesma que eu não estava totalmente sozinha e nem totalmente vazia. A ideia de me sentir vazia de sentimentos por um outro alguém me fazia muito mal. Era como se eu só conseguisse me sentir viva se eu tivesse alguém pra amar/sofrer/ter perto – como queira. E, nessa busca incessante por um “amor” eu acabei me perdendo um pouco do meu caminho, perdi uma boa parte de autoconhecimento e esqueci de pensar em mim e de aproveitar minha ótima companhia. E não pude perceber, por muito tempo, o quanto que isso era agradável e essencial pra o meu amadurecimento.

Estive por tanto tempo com medo da solidão que não percebia que estava me sentindo cada vez mais sozinha por tentar estar sempre com alguém. Muitas vezes alguém que não somava, que não me fazia envolver e que, por fim, não me tirava daquela solidão que tanto me atormentava. Era só mais um alguém tentando preencher um vazio que era impreenchível (existe?) por qualquer pessoa, além de mim mesma.

Estar com alguém somente por medo da solidão, por carência ou por aparência é uma traição com sua própria companhia. Você trai a si mesmo a cada vez que troca sua companhia por a de outro alguém por medo de solidão. Quando eu entendi que estava traindo a mim mesma com as minhas tentativas frustradas de não ficar só, eu percebi o quanto de tempo que eu perdi, o quanto de sofrimento que eu poderia ter evitado e, acima de tudo, eu aprendi a valorizar a solidão. Eu nunca entendia quando lia aqueles textos no facebook sobre se auto amar, curtir a solteirice, ser feliz sozinho. Pra mim aquilo tudo era pura mentira,  e que, como disse Vinicius, “é impossível ser feliz sozinho”. Eu não discordo dele, quem sou eu?! Hahaha Mas eu acredito que ficar um tempo com o coração sozinho e tranquilo é essencial pra que você consiga ser feliz com alguém. Aquele papo de autoajuda e blablabla que você tem que se amar primeiro pra poder amar alguém de verdade é a mais pura verdade. Você nunca vai se sentir completo num relacionamento se você entrar nele incompleta, esperando que o outro faça isso por você. Ninguém precisa me preencher, eu mesma tenho todas as ferramentas pra fazer isso. Alguém tem que vir pra somar, mas se eu não tiver nada pra acrescentar a outra pessoa, não tem elementos para serem somados. Entende meu ponto? A partir do momento em que eu consegui apreciar minha companhia e entender minha solidão como algo bom, meu interior mudou completamente. É um momento somente meu, onde eu posso me autoconhecer e assim, sendo uma boa companhia pra mim mesma, eu posso ser uma boa companhia pra aqueles que me rodeiam.

É o momento de deixar meu coração livre, sabe? Um momento onde meu coração está cheio de coisas boas, memórias, saudades, lugares e não há lugar pra ninguém que venha ocupar espaço por carência ou medo de solidão.

É quando você se sente tão leve e dona de você mesma que você não consegue aceitar alguém que venha por puro capricho do seu subconsciente, que venha pra ocupar aquele quartinho por duas semanas ou duas horinhas. Não pode ser só isso, sabe? É aceitar que, pra estar com outro alguém é preciso que a companhia do outro seja tão boa ou melhor que a minha própria companhia, pra que eu possa trocá-la pela dele, entende? Um pouco pedante, pode parecer. Mas é verdade. Por que raios eu escolheria a companhia de alguém que não soma e não acrescenta? Doesn’t make any sense! Então!

Que o outro venha somente para somar, acrescentar coisas boas e não pra bagunçar as minhas gavetas e deixar os sentimentos espalhados pela casa, sabe? Que venha pra dar alegrias e não agonias, pra causar amor e não dor. Pra trazer paz à alma e pra enfeitar domingos.

Aproveite sua solidão, ame sua companhia e se autoconheça. Você vai perceber que perdeu tempo fugindo da solidão errada!


“Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar, que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo”
 Clarice Lispector



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